sábado, 27 de agosto de 2011

“Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas. Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente.
Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende?”

domingo, 14 de agosto de 2011

I'm a mess, I confess

Minha mente está bloqueada mas ao mesmo tempo nada passa despercebido. Um turbilhão de teorias e idéias passam por aqui, mas tudo continua o mesmo. Não tenho medo de nada, só de mexer na minha zona de conforto. E a minha zona de conforto é o pesadelo de muita gente. Minha zona de conforto está na solidão. Pelo menos é o que eu conheço, a solidão nunca vai te surpreender de forma negativa. Se você se mantém nela, você não tem como piorar. Mas se você passar por momentos longe dela, você sabe o que te espera depois. Assim não dói.
Aí que está o grande problema: não dói mais. Quando dói, você quer que passe. Dor incomoda. E quando não dói? E se chega a um ponto que não incomoda mais? Como sair daquilo?
Sei lá, pareço estar esperando por algo ou alguém pra me tirar daqui, pra me tirar de mim. Mas sem me levar por inteiro. Tem partes aqui que que valem a pena serem conhecidas. Não espero mais por alguém que valha a pena conhecê-las, porque isso a gente nunca sabe se vale de fato. Espero só por alguém que queira, de verdade, ver realmente a mim. Com tudo. Com a solidão também.